4/14/2008

O Pacheco

A Nariz Gelado escreveu um post comentando a entrevista que o historiador Marco Antonio Villa concedeu à Veja. Ela disse ter adorado a parte em que ele fala do Super Tártaro. Eu também adorei. Então transcrevo essa parte da entrevista. Mas o melhor para mim é quando ele o compara ao personagem Pacheco do livro A Correspondência de Fradique Mendes. Leia:

Veja – Qual é a importância do Foro de São Paulo na condução da política externa brasileira?
Villa – O Foro de São Paulo é um clube da terceira idade. Basta ver as fotos. São senhores em idade provecta, como se dizia antigamente. São provectos também no sentido ideológico. Suas idéias pertencem ao passado. Não creio que tenham uma estratégia revolucionária para a América Latina tal como foi a Internacional Comunista. Durante o período da União Soviética, os partidos comunistas espalhados pelo mundo eram braços da política externa soviética. O Foro de São Paulo não tem esse poder. Sua maior influência se dá pela pessoa de Marco Aurélio Garcia, assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, que tem grande participação no Foro.

Veja – Qual é a relevância de Marco Aurélio Garcia nas relações externas?Villa – Desde o início da República, não há registro de um assessor com tanto poder como ele. Garcia aparece nas fotos quase sempre atrás de Lula. Dá pronunciamentos em pé de igualdade com o ministro das Relações Exteriores ou o secretário-geral do Itamaraty. Marco Aurélio Garcia é considerado um grande acadêmico, um gênio, uma referência para qualquer estudo sobre relações internacionais na América Latina. Curioso é que não se conhece nenhuma nota de rodapé que ele tenha escrito sobre o tema. Fui procurar seu currículo na plataforma Lattes, do CNPq. Não há nada sobre ele. Marco Aurélio Garcia é o Pacheco das relações internacionais.

Veja – Quem é o Pacheco?
Villa – É um personagem de Eça de Queiroz que aparece no livro A Correspondência de Fradique Mendes. Pacheco era um sujeito tido como brilhante. No primeiro ano de Coimbra, as pessoas achavam estranho um estudante andar pela universidade carregando grossos volumes. No segundo ano, ele começou a ficar mais calvo e se sentava na primeira carteira. Começaram a achar que ele era muito inteligente, porque fazia uma cara muito pensativa durante as aulas e, vez por outra, folheava os tais volumes. No quarto ano, Portugal todo já sabia que havia um grande talento em Coimbra. Era o Pacheco. Virou deputado, ministro e primeiro-ministro. Quando morreu, a pátria toda chorou. Os jornalistas foram estudar sua biografia e viram que ele não tinha feito nada. Era uma fraude.

O pior de tudo é que estamos repletos de Pachecos aqui no Bananão. O Super Tártaro não é o único, talvez seja o com dentes mais sujos, mas não é o único. Temos Pachecos para todos os gostos. Ziraldo e Jaguar ganhando suas pensões, são ou não são Pachecos também? Cony, para mim, é um Pacheco de marca maior. O Tinhoso -aquele para quem dou de ombros aos seus telefonemas, não passa de um Pacheco.
Bem lembrado, Villa, bem lembrado.
Ah, e para quem ler esse post aqui, não se esqueça, leia ou releia Eça de Queiroz. É bom demais e é um dos queridinhos da Marie.

8 comentários:

Alexandre, The Great disse...

Pacheco é um personagem folclórico. Quase um "Forrest Gump bananeiro". Já o tal "super tártaro", com sua barba de 2 dias e 1/2, não tem nada de pitoresco ou engraçado. É soturno, sorumbático, lerdeador e levantiço. Está mais para "Tio Funério" da Monster Family, lembra-se?
Um beijo,


P.S. vc ganhou? E nem me disse nada! Quero saber tuuuuudo...

Marie Tourvel disse...

Acho que ele está mais para Jason, né não? Eu tenho tanto nojo daquela boca (argh!)
Ai, Alex, querido, eu ganhei, sim. Depois eu te conto todos os detalhes da partida, tá bom? Beijinhos

thais cavalcanti disse...

olá. cheguei aqui pelo blog do rover, o seleta de prosa. ainda não consegui ler tudo, mas só pela foto do harry sally ali em cima já mereceu um comentário. um dos meus filmes favoritos ever. e o post do mick jagger ali embaixo tb. enfim. com calma eu leio tudo. grata descoberta. beijo.

Marie Tourvel disse...

Olá, Thais, querida. É sempre um prazer receber comentaristas novos por aqui, viu? Ainda mais vindos do Seleta -eu adoro aquele Rover. Eu também adoro o Harry e Sally. Ia colocar aquela cena, sabe? Mas achei melhor, não... Olha, leia com calma mesmo, pois sou prolixa pacas, tá bom? Não quero cansá-la. Mas quero que leia e volte aqui sempre, tá bom? Vou visitar o seu também. Beijos

thais cavalcanti disse...

Sei. uma cena que eu adoro é a do avião, quando eles conversam pela segunda vez. Um dos melhores filmes ever. // E pode deixar, com calma vou lendo tudo. :) // Beijos

Marie Tourvel disse...

A cena do avião é o máximo mesmo, thais. Volte sempre. A casa agradece. Beijos, querida.

Anônimo disse...

Marco Antonio Villa escreveu o que mesmo? Onde é mesmo que o ilustre trabalha?

Marie Tourvel disse...

Não sei. Só sei que concordo com as respostas que ele deu à Veja. E, convenhamos, anônimo querido, ele não posa de gatinho neste desgoverno, não é mesmo? Pra mim ele pode trabalhar até na cozinha da lanchonete do Zé, mas falou tudo o que eu penso do Super Tártaro. Um abraço.