5/14/2008

É sua essência, estúpida.

É engraçado como os serezumanos não acreditam que você pode simplesmente querer ajudar sem receber nada em troca, não é? Estranho isso mesmo. Bom, pelo menos pra mim, é muito estranho (que nem igual ao Dalto, esse monumento à beleza musical). Vou contar só umas coisinhas de papai para que entendam de onde vem minha vontade em ajudar a quem realmente eu acredito que mereça. Papai era um homem bom. Ele tinha suas ranhetices, era nervoso, gritava se percebia que não se fazia entender como todo bom italiano. Estava longe de ser perfeito. Mas era bom. Ele sempre me dizia que sentia vontade de ajudar, e sabia bem que não receberia nada em troca e muito menos esperava por isso. Quando ajudava alguém que considerasse talentoso, ele dizia que a recompensa em ajudar a pessoa era ela sempre tentar se superar naquilo que tinha talento. Isso ficou impregnado em mim.
Infelizmente os serezumanos acham que quando você quer ajudar, aí tem. Não pode ser. Ou então consideram que é aquela bondade esquerdista que vê o lado social da coisa. Às vezes, consideram até uma patologia, uma psicopatia, ou uma ia qualquer. Em meu caso -e tenho certeza, que de papai também, meus hipócritas leitores, meus semelhantes, não é nada disso, não. Sigo, talvez erroneamente, o que papai me ensinou. Quando tento ajudar alguém espero somente que a pessoa fique feliz. É uma grande satisfação para mim. Ver pessoas de quem gosto felizes, não tem preço (que nem igual o mastercarde). Parece piegas, não é? Parece coisa de idiota? Parece coisa de gente que não tem o que fazer? É, talvez soe desta forma mesmo. Mas eu nem ligo como soa. Como sou egoísta, só penso em como me sinto bem em poder ajudar alguém de quem gosto. Não sou nenhuma Madre Teresa, não. Ajudo só os que conheço e gosto. E os que possuem talento também. Muitas vezes erro em ajudar pessoas que não aproveitam a oportunidade. Mas faz parte do jogo. Do jogo em que me meti, do jogo que aprendi com papai.
Tive umas experiências recentes não muito agradáveis com isso. E continuarei tendo, por mais que diga a mim mesma que vou mudar meu comportamento. A minha essência, infelizmente, não muda. Não tenho a mesma habilidade de papai para lidar com certas coisas, mas vou seguindo meu caminho, minha conduta, minha retidão. Sou certa? Sei lá eu se sou certa, mas o fato é que vivo escutando de Monsieur Tourvel que sou uma tonta, uma verdadeira idiota por fazer essas coisas. Pode ser que ele tenha razão. Só tenho uma certeza, como sou uma atéiazinha de mierda, não penso que ganharei o reino dos céus por isso. Sei muito bem que para ganhar um lote no céu, precisaria pagar o dízimo. E, sabe como é? 10% de meu salário hoje, não dá, não. Desculpa aeê, pastor.

Fiquem agora com o que estou sentindo hoje. Primeiro o The Voice, que há dez anos nos deixou:



E, agora com o que sinto hoje, porém (ai, porém), muito mais Marie punk rock, com o Joãozinho Podre:



Mas pode ser esse meu jeito mais moderninho, também. Não tão moderninho, mas talvez seja meu verdadeiro jeito, ou o jeito certo de lidar com minha maldita essência e serezumanos bacaninhas:

11 comentários:

Anônimo disse...

Aloha Marie!
As pessoas são o que são.
E geralmente esperam que os outros façam o que elas fazem. É a visão delas. Uma questão de percepção.
Simplesmente não acreditam porque elas não fariam.
Geralmente porque NÃO QUEREM acreditar.
Acidentalmente, até a forma de ser egoísta varia!
Algumas destas criam um mundo melhor.
Muito bom ler seu blog.
Grande abraço e
Aloha!

Marie Tourvel disse...

Aloha Luís!
Um prazer recebê-lo por aqui. Acho realmente que tem a tal da projeção, no fundo a gente acha que as pessoas agem como nós. E não é assim, não. A vidinha não é assim, não. Eu sou muito boba mesmo. Acredito em gentes. Mas já melhorei bastante, viu? Que bom que gostou deste espaço, querido. Volte sempre. Um beijo

William Campos da Cruz disse...

Pois é, em mais ou menos 40 min de conversa pude experimentar um muito dessa bondade que não espera retribuição. Parece bobagem, mas aquela conversa que tivemos no carro (sobre o complexo de inferioridade) me fez um bem incrível! Sem contar no incentivo para o blog...
Quem é capaz de fazer bem a alguém que nunca viu na vida só pode ser mesmo uma pessoa boa!!!

Acredito nisso!

Marie Tourvel disse...

Ei, meu querido, você é um moço muito inteligente, muito capaz e seu blogue é muito bom. Nunca deixe que ninguém o vilipendie porque não fez a faculdade A ou B, porque leu ou não leu Joyce. Porque isso tudo é verniz, viu? O que vale, é seguirmos nossos princípios, nossa conduta. E, você, William, querido, já mora em meu coração. É daqueles que se eu puder ajudar, ficarei feliz por vê-lo feliz, viu? Um grande beijo e continue postando no seu blogue. Vamos agitar aquele espaço. E não esqueça de sempre visitar meu espacinho aqui. Fico muito feliz quando vem.

Shirley disse...

Poisé, Marie, eu tbm tenho passado um tempo (uns 5 segundos, poraí) ressabiada com algumas coisas do cerumano. Não que eu tenha feito o bem sem olhar a quem, nada disso, eu sou ruinzinha, fresca, de coração mau mesmo :-| É só que eu sempre espero do outro que ele aja do mesmo modo que eu (assim, bem malvadamente, tende? :-P), e qdo isso não acontece, cara, a bette davis encanga no meu pescoço com unhas e dentes, e aí eu fico má, muuuuuuuuito má... rs. Menina, esse meu inferno astral que não acaba, tsc... Fugi do teu tema, me parece, mas depois volto aqui pra comentare direito, tá? rs Bjo, queridérrima!

Marie Tourvel disse...

E não é, minina, que ainda perco tempo com os serezumanos. Ainda acredito neles? Mas vambora. Um dia me desce o espírito da Bette Davis's eyes. Desce o espírito de About Eve -só que nesse a Davis era boazinha, né? Meu inferno astral até que já passou, viu? Quando é o teu aniversário, heind dona ShicaMaria? Cê ainda não me falou. Beijos e mais beijos, querida.

Léo Mariano disse...

oi Marie.

Belíssimo post. dauqles que te fazem pensar, uma boa noite, sobre o assunto.

parabéns

abs

Marie Tourvel disse...

Oi, Leo, querido, enquanto escrevia o post, pensava e pensava. Ele ia ficar bem maior. Eu ia contar algumas coisas que presenciei papai fazer, ajudando algumas pessoas, mas enquanto escrevia, batia aquela saudade e a vontade imensa de chorar. Apaguei. Qualquer dia quando o tempo fizer a memória embaçar -jamais curar, eu escrevo as peripécias de papai. Muitos beijos pra você...

Marie Tourvel disse...

Oi, Leo, querido, enquanto escrevia o post, pensava e pensava. Ele ia ficar bem maior. Eu ia contar algumas coisas que presenciei papai fazer, ajudando algumas pessoas, mas enquanto escrevia, batia aquela saudade e a vontade imensa de chorar. Apaguei. Qualquer dia quando o tempo fizer a memória embaçar -jamais curar, eu escrevo as peripécias de papai. Muitos beijos pra você...

Rodrigo Rover disse...

Marie, querida, vc matou mesma resolveu a história toda: faz parte do jogo. Porque a única coisa que interessa é aquilo que nos motiva: nós mesmos. E aqueles a quem amamos.

a) Se ajudamos por caridade, ficamos felizes em ver o outro feliz;
b) Se ajudamos por egoísmo(?), ficamos felizes pura e simplesmente - algo meio mecânico, um vício;
c) Se somos cristãos (e mesmos os mais ateus, de uma forma ou outra, o são), ajudamos porque queremos ser salvos se algo que não sabemos bem o que é, mas não estamos dispostos a pagar para ver;
d) Se ajudamos quem não merece, isso só saberemos depois de ajudar

... o que nos leva ao começo: ajudamos para nos sentirmos melhores. Pessoas especiais são assim. Vc, com esse coraçãozão aí, tem dúvida de que é uma delas? Beijo, fique firme.

Marie Tourvel disse...

Bom, em primeiro lugar devo reverenciar o mais novo A Posto. Lindo, lindo, lindo. Estou muito feliz por você, viu?
Agora vamos ao comentário do comentário. Não me vejo como "caridosa". Isso soa como "freira carmelita descalça" e estou muuuuuito longe disso, embora me sinto muito feliz em ver o outro feliz. Quando coloquei que sou egoísta, sou mesmo, de verdade, mas não nisso. Usei de ironia mesmo. Agora, que sou uma bela de uma egoísta, ah, sou sim. Pergunte para os meus... rsrsrs. Bem, querido, o que o cristão vê como desconhecido, pra mim é claro, muito claro. Eu sou matéria. Não consigo enxergar de outra forma. Já escrevi num dos posts deste blogue que sou atéia não-militante. Simplesmente não consigo acreditar, fazer o quê? Mas sigo um amontoado de princípios cristãos, não porque estabeleceram, mas porque coincidentemente se adequam à minha vida, à minha conduta.
A gente sempre acaba ajudando um amontoado de gente que não merece, Rover. Mas não fico amuada com isso. Fico mais amuada quando vêem na ajuda aquilo que descrevi no post, como uma anomalia, entende?
Você é especial, querido, e sabes disso. Eu a-do-ro lê-lo. É um prazer. Nossa, me estendi no comentário do comentário, vou escrever alguma bananice, agora. E vocês, queridos leitores, vão visitar os Outros A Postos, encontrarão por lá, ninguém menos do que meu maravilhoso amigo Rover. Beijos, meu querido.