7/09/2008

Não quero mais brincar de casinha.

Vulgaridade por aqui, não mesmo. Eu posso tascar musiquinha escrota, vídeo nojentinho, mas sem partir para a vulgaridade, of course. Disse na atualização do último post que iria falar sobre literatura. Mas o que dizer e para quem, hein? Quem quer ouvir minha opinião sobre Bouvard e Pècouchet, sendo que tem tanta gente boa que fala sobre isso? Quem quer saber minha opinião sobre A Montanha Mágica? E sobre O Primo Basílio? E sobre Lolita? E sobre Ficções? E sobre Joyce? Dizer que tive que ler desde os meus 16 anos Ulisses por três vezes para poder entender aquela malucada toda e mesmo assim só entendi quando li em inglês? E sobre a Beatriz de Dante? E sobre Policarpo Quaresma? E sobre Dom Casmurro? E sobre Hamlet -que aliás fiz até crítica mambembe do pobre espetáculo que assisti com o ultramega star Wagner Moura? A verdade é que acho que não tenho muito a dizer. Estou assim... meio rasa. Mezzo muzzarella, mezzo calabreza. Acho realmente que fiquei muito tempo na letargia e perdi a mão. Eu era bem mais segura há um tempo atrás. Hoje, além da insegurança, veio um sentimento de verniz apodrecido, de enfeite de natal empoeirado de final de vida, de pedra sabão no lugar do mármore genuinamente italiano. Não, não quis dizer que eu era um mármore italiano. Nunca passei de uma ardósia, mas ainda assim eficiente. Fácil de limpar e totalmente absorvente. Hoje parei para pensar numa série de coisas que andei fazendo e falando nos últimos 7 meses -o tempo deste blogue. Quando abri meus e-mails e comentários e dei de cara com o comentário muito feliz, por sinal, da Meg, vi que estava no caminho errado. Vi que tenho que aceitar que estou caminhando para um final de vida de verdade e que o brilho nos olhos, ou no sorriso, como queiram, era só um último suspiro da pretensão de achar que eu ainda podia. Não! A realidade é outra e eu não posso mais. É como se não tivesse mais o direito de achar, de considerar, de pensar, de querer, de desejar, enfim... de viver. Teve uma pessoa que tentou me remover esse pensamento todo que tenho sobre mim. Fala de minha auto imagem. É um querido que tentou de verdade que eu levantasse minha cabeça. Conseguiu durante um período, viu? Já vou avisando. Mas teve outra pessoa que eu pensei que tinha a mesma motivação, o mesmo objetivo. Aí foi que me lasquei. O objetivo era só uma brincadeira? um sadismo? uma mania? Realmente não sei. A pessoa foge de uma conversa séria sobre o episódio. Só sei que de forma abrupta, a pessoa me fez voltar à minha realidade, aos meus pensamentos, às minhas angústias e inseguranças. Deve ter se divertido com isso, pois a motivação dessa gente é essa, diversão. Eu sempre corro atrás de diversão, mas jamais machuco, cutuco ou mesmo fico apertando o ferimento para que não cicatrize. Resumindo: eu não me divirto com a desgraça alheia, só isso. Poderia colocar uma boa poesia ou um trecho de um bom livro por aqui, mas vou de música, que é a linguagem mais rasa:

Radiohead - Fake Plastic Trees

12 comentários:

Anônimo disse...

Marie, um puxão de orelha: snap out of it! Já!
"Eu não me divirto com a desgraça alheia." Pois divirta-se com a sua desgraça, então. Você sabe, eu sei.
Beijo carinhoso.

Marie Tourvel disse...

É o melhor remédio, não é? Se divertir com as próprias mazelas. Sempre fiz isso tão bem. Me dá medo de pensar que por alguns instantes esqueço disso. Ainda bem que tenho uma amiga como você pra me lembrar. Beijos, Anna, querida.

Lelê Carabina disse...

Marie! Não tô entendendo muita coisa (também é o meu cansaço do dia de hoje, estou me recuperando com uma taça de vinho, ou umas ...), de todo modo, força, que Deus te dê muita força! Tá aqui alguém que gostaria de ler sobre a Montanha Mágica, O Primo Basílio, sobre Lolita (que aliás tentei trocar no sebo e nãoo aceitaram... ) rsrsrs Bjos.

Marie Tourvel disse...

Ai, Lelê, querida, agora fiquei com vontade de um belo vinho, viu? Eu gostaria de entender certas coisas também. Por isso fica tudo meio hermético, né? Mas eu ainda vou entender e prometo postar. Agora, vou falar sobre esses livros, então, num próximo post. Terei com quem trocar impressões. Esse sebo é seboso, hein? O do meu nonno trocava, viu? Pena que já fechou faz tempo. :) É sempre uma alegria quando vem por aqui, viu? Beijos.

Filipe de Santa Maria disse...

É verdade, não há nada melhor que um bom vinho uma hora dessas. Eu também tenho me questionado sobre algumas decisões recentes, mas a vida é assim mesmo, escolhemos e depois vemos o que vai dar. Vê se não para de falar sobre literatura, gosto muito dos seus posts. Um grande beijo.

Marie Tourvel disse...

Philippe, querido, ainda acho que vamos nos reunir todos, eu, você, a Lelê e mais um monte de gente que vem por aqui para tomarmos um bom vinho. É uma idéia, né? E não se preocupe, viu? O bichinho de escrever no blogue já se instalou em mim e eu vou falar muito ainda de literatura. Obrigada, viu? Você é um querido. Beijos.

Frodo Balseiro disse...

Sai dessa vida Marie! Vai deixar que a mediocridade e o mau caratismo sejam o norte de sua ação? Tem muita gente boa, que te quer bem, que se assusta com esses "downs"!
Viver é uma ação(?) de risco! só gente especial se arrisca.
Você é uma delas, portanto pare com essa conversa mole de desistir!
À luta que é viver minha amiga!
Bjs
frodo

Marie Tourvel disse...

Tens razão, Frodo, querido. Ontem, sei lá que eu, me veio uma melancolia. E olha que eu não costumo ter dessas coisas, não. Mas hoje já estou de volta com tudo e aconselho a todos que pararem por aqui a ler seu blogue. Seu último post está daqui, ó. ;) Não só o último, né? O penúltimo, o antepenúltimo... tudo. Leiam o Frodo. E eu tô aí mesmo pra me arriscar. Beijos e muito obrigada. Você é um querido mesmo.

William Campos da Cruz disse...

Eu tenho um péssimo hábito: prestar atenção em conversa alheia. E vislumbrei a possibilidade de tomar um vinho com vocês... Estou me candidatando a convidadom, tá?

Marie Tourvel disse...

Você já seria um convidado, William, querido. Acha mesmo que eu não o convidaria? Nós vamos marcar esse vinho para breve. Quero todo mundo junto. Beijos.

Anônimo disse...

Uma estranha no ninho...

Marie, leio seu blog já há algum tempo e a culpa é do William que propagou... rsrs Não sou muito de comentar, mas desta vez não me aguentei. Muito down esse papo... não parece combinar com você. Tem que escrever sim! comentar, opinar e palpitar sim! e viver mais ainda!!! Então, eis aqui mais uma leitora para te incentivar!!!
Beijos

Marie Tourvel disse...

Monkina, querida, se é amiga do William, é minha amiga também. Não repare na bagunça, tá? E adorei o incentivo. Não combina comigo mesmo, viu? Eu sou alegre, sim. Tive uns baques, mas já passou. E quero você sempre por aqui e comentando. Eu, de minha parte, prometo, opinar, palpitar, comentar e... viver. Tem coisa mais gostosa que viver? Um grande beijo, querida.