11/11/2008

Goodbye Cruel World



Do blogue do Rona. Gostei muito deste texto:

Ao Animal Que Vai Morrer - Ronaldo Monte

Há uma certeza inabalável no olho do animal que vai morrer. Vejam o boi no matadouro, o rato na pata do gato, o homem à margem do Hades.
Há um certo ar de nunca, um quê de último ato, uma antecipação da falta que dali a pouco se fará. É obsceno se opor a esta certeza. Qualquer piedade é pornográfica. O Animal que vai morrer não nos pede nada. Ele quer apenas que fiquemos aqui, no cais dos sobreviventes, passivos ao desatar dos nós que deixarão fluir a barca de Caronte.
Há uma certa urgência no olho do animal que vai morrer. Ele tem pressa em apagar de vez a visão de nossas faces constritas e piedosas. Pois é esta visão que o impede de nos esquecer e se entregar por inteiro à novidade do nada.

É que quando li, senti a perda de alguém muito querido.

35 comentários:

Frodo Balseiro disse...

Marie, lembrarei do texto quando atacar minha próxima picanha sanguinolenta....hehehe
bjs
frodo

Marie Tourvel disse...

Pô, Frodo, eu vou comer picanha só daqui uma semana... É que preciso esquecer o olhar do boi no matadouro. :))))

Beijos!

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

kundera diz que Niesthe enlouqueceu quando viu os olhos de um cavalo a ser açoitado,embora saibamos que não, o que é certo é que impressiona quem é sensivel. eu já gritei de horror,quando menina.

beijinho,querida amiga

Marie Tourvel disse...

E eu grito de horror até hoje, Júlia, querida. No fundo não passo de uma garotinha morrendo de medo da vida. Mas estou por aqui e Nietzsche é meu pastor e nada me faltará. :)))))

Tava com saudades.

Beijos, minha amiga.

rose marinho prado disse...

Eu tinha alugado sala pra aula - ano passado. Era domingo, cedinho, quando vi o cachorro, acuado. Povo olhando.
Laçaram o cachorro, vira-lata, preto. "O que vão fazer?". Deram risada de mim. Moços fortes.
Foram puxando. O cachorro se debatendo.
E o órgão sexual do cachorro, ereto, antes de ir pra jaulinha, no carro.
Não quis mais lembrar.
Mas este post...

Marie Tourvel disse...

Rose, querida, sinto que às vezes precisamos lembrar de certas coisas justamente para não esquecer de quem somos verdadeiramente. Este texto me fez enxergar isso.

Um grande beijo, amiga.

Anônimo disse...

A morte por si só já impressiona, imagina quando a observamos acontecer. E agora, como faço pra tirar essa bigorna que se instalou no estômago? :-S Vôte!
Bjo!

Marie Tourvel disse...

Sei lá que eu, Shica Maria, querida. Só sei que estou com uma estaca no coração. Me confundiram com vampira. :)))

Tô muito feliz que você tenha voltado pra cá, tá?

Beijos!!!

Anônimo disse...

Oi Marie,

A galinha é assim... primeiro pelam o pescoço, torcem, depois vem o corte... aí se você ficar por perto repetindo: coitadinha, coitadinha, coitadinha... ela se debate, luta e não morre.
E aí a caseira, Nicolina, gritava: sai daqui Sabesselá, assim a disgramada não morre!!!
E eu não comia a galinha mesmo.

Essa semana presenciei uma garotinha se desculpando por chegar atrasada no colégio. Ela disse chorando: "me atrasei porque encontrei um ratazana comendo meu irmãozinho no berço".
Que medo naqueles olhos.
Tem criança sendo comida pertinho de nós.
Que é isso, Marie?!

Beijo.

Marie Tourvel disse...

Nunca vi matarem galinha, nunca vi matarem qualquer animal. Acho que morro no dia que assistir a isso.

Nunca vi um rato pessoalmente em minha vida. Se vir, acho que morro, também. Quanto às ratazanas comendo criancinhas, realmente isso é deprimente. E sabe, sabesselá, querida, que existem as ratazanas que tentam "comer" reputações sem olhar a sua própria. Duvida? Garanto que existe.
Este mundo está perdido mesmo. ;)

Um grande beijo e sabe bem que adoro sua visita. :)

Anônimo disse...

Marie, o texto impressiona, sim.
O Ronaldo é escritor.
Escreve belos textos.

Assim como o da Rose também é belo.

É preciso delicadeza (ainda que a delicadeza do horror) para falar de morte.
Gosto da sua sensibilidade.

Embora eu não deixe de rir do Frodo balseiro hahaha.
Já *outras coisas* dispenso :/

Maravilhoso seu blog, como sempre.
Beijos
Meg

Anônimo disse...

Ih esqueci de deixar um beijo para a Shic, muito Shick:-)

Marie Tourvel disse...

Sim, Megleen, querida. Li algumas coisas do blogue do Ronaldo e gostei bastante. Este texto é especialmente belo. Não é fácil falar de morte de forma leve e eu diria poética.
A Rose é uma querida e escreve maravilhosamente bem. Fora que é uma amiga e tanto, né? :)))
O Frodo é um amor mesmo.
Eu também não gosto de "certas" coisas, mas acho que estamos aí para dar a cara à tapa, né? Fazer o quê?
Maravilhoso é o seu blogue. Adoro você, amiga. Você não tem idéia do quanto é gratificante tê-la como amiga.

Um grande beijo.

Anônimo disse...

Nossa Marie, muitas e são as mais perigosas. Esse tipo de ratazana usa uma fantasia por isso não dá para identificar. Tem que estar sempre em guarda e eu detesto isso.
Li o comentário acima. Não Marie, ninguém está aqui para dar a cara à tapa. E nem dar tapa, em ninguém.


Beijo.

Anônimo disse...

Marie,

Eu sei... eu sei. Se deve e se pode admitir um erro... Mas sem esperar um tapa. Para quem errou nunca um tapa. O sorriso da vitória... e sem demonstrar que está sorrindo. Senão já errou também.


Beijo.

Marie Tourvel disse...

Isso mesmo, sabesselá, usam as fantasias mais deslumbrantes. E se pegam presas fáceis atacam de forma sorrateira, mas não menos violenta. O pior é que eu nunca estou em guarda. Preciso ficar, né? :)))
Mas sei que posso contar com você, amiga, querida. Quanto a dar a cara à tapa, acho absolutamente normal. Um tapinha não dói, não é assim? :))))

Beijos, querida.

Anônimo disse...

É... um tapa é gostoso, burrito também. Não dói, mas aaaaarde. Wild burritos... delícia!!! :)


Beijo!!!
:)

Marie Tourvel disse...

:))))

Beijos, sabesselá!

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Marie,
como o porco que sabe bem o destino que o espera, quando vai a caminho da matança aldeã. Mas se a piedade é pornográfica, não o é a dignidade humana que nos aparte desses espectáculos tristes.
Um beijinho, também pela Sua perda

Marie Tourvel disse...

Paulo, querido, lendo suas palavras agora, meus olhos encheram-se de lágrimas. Adoro você.
Um beijinho e muito obrigada.

rose marinho prado disse...

Marie, não mo furtei de ler.
Quando pousei a fuligem de chaminé de casa velha de mineira, meu bilhetinho...cof cof...Fi-lo no albor da vontade de comungar convosco todos um sentimento.
Exultei com a gentileza de sua convidade Megleen, elogiando a beleza do meu texto. Vide: "O Ronaldo é escritor.
Escreve belos textos.
Assim como o da Rose também é belo."

Oh! Dadivosas mulheres, não elogiem a minha pena, que é só de dores. Cá venho nos momentos de refrigério dos salões infernais.

Grata

Marie Tourvel disse...

Rose, minha querida, você escreve maravilhosamente bem, repito. Li seus textos em alguns blogues que montou. Deveria montar um definitivo para todos terem o prazer de ler. Já passou por sua cabeça escrever um livro? Você é uma escritora que ainda não publicou, é isso. Espero em breve estar na fila por um autógrafo -com dedicatória e tudo. :)

Um grande beijo!

rose marinho prado disse...

Marie, era só um bilhetinho. Aquela vivência a 'carrocinha'.

Escrevi "simpris", eu preciso escrever "simpris'.
Não era texto belo.Um relato rápido.

Mas agradeci às duas amigas. E agora me vou. Boa tarde...

* não quero fazer livro e nem blog
e nada de noite de autógrafo.
Obrigada mesmo assim.

Marie Tourvel disse...

Você pode não querer, Rose, mas a gente pode desejar, não pode? ;)
Um grande beijo, querida.

Marie Tourvel disse...

Sabesselá, só agora li seu comentário sobre o sorriso da vitória. Chegou só agora por aqui. É mesmo, acho que tem razão. Mas sabe que mantenho meu sorriso não só na vitória, mas na derrota também. Porque sei que sou verdadeira sempre e admito minhas fraquezas e meus erros. E aprendo com eles. Camuflar sentimentos e tentar se beneficiar disso é que eu nunca conseguirei. E para quem consegue mando um grande abraço.
Um beijo pra você! :)

Marie Tourvel disse...

Megleen, querida, só agora chegou seu comentário sobre a shic ShicaMaria. Estranhamente estavam parados em minha caixa de comentários um seu e outro da Sabesselá quem. Mas estão devidamente postados e comentados por mim. :)))
Beijocas!

Marie Tourvel disse...

Ah, sabesselá, esqueci de dizer o mais importante. Às vezes achamos que já vencemos e mesmo não mostrando o sorriso, porque como você disse é inteligente fazer isso, só enxergamos que não vencemos de verdde porque o objetivo real não foi atingido. É sério. Existem pessoas que não conseguindo seu objetivo verdadeiro ataca por todos os lados só para dizer que venceu. Quando percebe que o que queria mesmo não está e nunca estará ao seu alcance, cai. E o tombo é muito feio. Mas é nisso que eu digo que aí é que é preciso sorrir. Quando você erra voluntária ou involuntariamente, não se pode tirar o sorriso dos lábios. É a forma de aprender a viver. Confuso? Acho que você entendeu direitinho, querida.

Um beijo. :)))

Anônimo disse...

Oi Marie,

Para começar... é bom que você entenda que eu (talvez só eu, e algumas vezes percebo em alguns em, apenas alguns momentos), não acredito em vencidos e vencedores. Sei bem que o sabor da vitória pode trazer satisfação ao ego ou a sei lá o quê. Sei também que vencidos têm o mérito da vitória também. Eu, sei perfeitamente que não consigo me expressar bem escrevendo. E, no mundo virtual, vencedor é o que tem verve... os intelectuais. Mas eu não sou. Fora desse mundo, sei me expressar, ou melhor, sei me encontrar... sei o que quero.
E o que me espanta é que um simples comentário, possa desencadear tanta dor. Minha dor. Pronto Marie, você venceu, pode sorrir, sempre. Inteligente é você. Digo isso, com o sorriso de quem achou maravilhoso perder para você. :)

Beijo.

PS: preciso confessar que não entendi.

PS do PS: mas queria ter entendido. Sou burra, Marie. Desenha?

PS do PS do PS: pode-se tirar o sorriso dos lábios... a lágrima dos olhos... só não se pode atirar... fere. Marie, obrigada pelo prato de sopa... que eu não tomei. Pena, o cheiro estava convidativo.

Um grande abraço, queridona!

Marie Tourvel disse...

Calma, sabesselá. Eu estava respondendo a um comentário seu sobre os vencedores e vencidos. Achava que você tivesse entendido. A gente fala por cifra porque é óbvio que já passamos por diversas situações iguais na vida, não é? Em nenhum momento eu falo pra você especialmente, já que não lhe conheço, mas procuro responder aos seus comentários que são sempre tão certeiros e pertinentes. Adoro você e adoro que venha comentar por aqui. Para você que sempre sabe identificar tão bem o que quero dizer, sempre terá o prato de sopa por aqui. Acho que foi um grande mal entendido. Desde seu primeiro comentário num dos meus posts a considerei muito perspicaz. Teve até um dia que eu disse que parecia que me conhecia pela forma como você escrevia, lembra-se? Eu realmente não entendi em que lhe ofendi. Pela forma como escreveu somente fiz as observações até para que debatêssemos, já que não tenho seu e-mail e nem sei como encontrá-la para que possamos trocar experiências. Tem que ser por aqui mesmo, então.
Se disse algo que lhe atingiu -coisa que verdadeiramente eu não percebi, por favor me diga. Acho que ser inteligente ou não, aí não é definitivamente o caso. Quem falou em inteligência ou disputa com você? Eu não lhe conheço, concorda? Apenas considero certeiros seus comentários e suas opiniões, repito. E gosto disso. Isso prova que tem um conhecimento claro do ser humano. E eu adoro isso, já que não possuo essa qualidade.
Por favor, querida, não quis provocar nenhuma espécie de conflito entre nós, já que gosto tanto de você mesmo sem conhecê-la, portanto, não faça isso, não. Volte pra cá e se quiser, me envie um e-mail. Conversaremos de forma mais tranqüila, não acha? Não tenho o menor problema em receber mensagens em meu e-mail e muito menos em dizer o nome de meu alter-ego por lá.
Um grande beijo, Marie

PS: realmente seu comentário sobre o sorriso não havia chegado ontem, bem como um outro da Meg, uma grande amiga. Estranhamente chegou só hoje, postei e respondi.

Anônimo disse...

Marie querida,

Relaxa... tá tudo bem. E por não conhecer você, acho que passei mais do que queria... Desculpa. Não costumo ser assim. E para você me conhecer um pouco melhor, adoro um alter-ego não revelado. Mesmo assim obrigada por oferecer seu e-mail.
Sua sopa cai sempre bem, sabia?!

Beijos!
:)

Marie Tourvel disse...

Que bom que entendeu, querida. Continuo dizendo que você acerta e muito, tá? Gosta de um mistério, né? Eu já sou mais escancarada. :)))
Quando quiser, pode escrever.
Que bom a sopa cair bem. Fico contente que entendeu.

Beijos!!!

ana v. disse...

Texto belo, sim, Marie. Tocante, sensível. E como você diz, não é nada fácil falar de morte com elegância e profundidade ao mesmo tempo. Parabéns ao Ronaldo.

Marie Tourvel disse...

Concordo com você, Ana. Achei que o Ronaldo teve sensibilidade para falar sobre o tema.
Beijos, querida

rose marinho prado disse...

Sabe aquele filme do Peter Shaffer? Como chamava mesmo?
É tão bom! Era o Richard Burton...
Esqueci. Sobre um cavalo e um inconsciente.


beijos

Marie Tourvel disse...

Equus, não é isso, Rose, querida? Acho que foi na veia, agora. Por isso que gosto de meus amigos daqui. :)

Outro beijo!