11/12/2008

Pocket Trash (1)

(A musiquinha é para disfarçar a má qualidade do post. Realmente não ficou bom. Prometo melhorar. Agora, a música... deixa pra lá... Avante, Wando!)



Bem, amigos, chegou a hora de prestar minha ajuda aos intelequituais queridos. Será mais uma forma de ensiná-los a se comportar mediante aos gostos dos bilionários do que outra coisa. Sim, este blogue daqui a pouco vai virar um manual de comportamento. Eu sou perfeitamente consciente que eles não nasceram lendo Joyce e muito menos Schopenhauer. Na tenra infância leram Monteiro Lobato. Na pré-adolescência leram "OEscaravelho Do Diabo". E num determinado período da vida leram Sidney Sheldon, sim. Não vem com esse papinho que não leu que a mim ninguém engana.
Imaginem um jornalista intelequitual. Imaginaram? Ótimo! Digamos que o coitado perde seu emprego chumbrega no Jornal onde trabalha. Ele partirá, ou para a assessoria política lamber botas destes edificantes senhores, ou para a assessoria de imprensa. Hoje, todo bilionário que se preza tem um assessor de imprensa. E nem todo bilionário está interessado nos crassicões os quais eu tasco o resumão por aqui. Então, o nosso pobre intelequitual tem que estar por dentro do que esta espécie de bilionário gosta. Ele gosta da Banda Calypso? Você tem que aprender as letras das músicas. Ele gosta de estrogonofe de frango? Você tem que parar de fazer cara de nojo e o acompanhar à mesa, com direito à batata palha e tudo. A esposa dele gosta de ler Sabrina e Júlia? Você tem que dizer o quanto se emocionou com a história da moça manca que era apaixonada pelo moço rico, lindo e infeliz.
Você encontrará pela frente, caríssimo, bilionários que simplesmente amam Sidney Sheldon. O tio Sidney é daqueles que podem fazer seu dia se transformar num horror e à noite ir para a TV a cabo e assistir I Dream Of Jeannie e sorrir. Sim, Jeannie por aqui é guilty pleasure. Eu adoro Jeannie e não quero que falem mal. Ponto.
Mas vamos lá para meu resumão do livro "O Outro Lado Da Meia-Noite" do Sidney Sheldon (a capa desta edição está bááááááááárbara, não acham?):

Uma linda francesa pobre chamada Noelle enamora-se de um americano. Ele promete casamento a ela, mas só quer mesmo é tirar uma chinfra. Ele a abandona e ela fica rica e poderosa -isso é uma constante nos romances do autor, para lá na frente se vingar. Mas o americano enamora-se de uma outra americana pobre chamada Catherine -bonitinha, sem-graça, porém inteligente e casa-se com ela. Já viu o angu que vai dar isso, não? O final todo mundo diz que é surpreendente. Mas o que há de surpreendente onde os maus são punidos e a moça inteligente, que supostamente tinha sido assassinada, na verdade está vivinha da silva?

Bem, dito isso, um conselho a você, intelectual, que está até agora vomitando, ainda pensando no meu amor pelo enlatado I Dream Of Jeannie: você terá que agüentar os comentários do seu novo patrão sobre o livro. Ele vai perguntar a você qual a mensagem verdadeira do livro, já que ele diz ter assistido ao filme e achou a Noelle uma gostosa e a Cathie uma baranga. Aí você diz o que ele quer ouvir, que sempre torceu para a Noelle se dar bem, porque o mundo não é dos nets, mas sim, dos bonitos. O bilionário pode lhe dizer também que ele é esperto e jamais se deixaria enganar por mulheres oportunistas que usam sua beleza para lhe arrancar dinheiro. Dê um sorriso e antes de proferir alguma palavra engula seco, já que sua tentação é olhar o bilionário gordo e cara-de-bolacha e em seguida olhar sua mulher loura, 30 anos mais nova, linda e dando uma piscadinha pra você; e gargalhar a valer. Sim, intelequituais também gargalham. Logo em seguida sugira ao bilionário que ele leia um livro qualquer do Paulo Coelho. Naturalmente ele dirá que já leu. Você sabe, naturalmente, que o cara já leu, mas é só para você fazer seu olhar de admiração e o bilionário se sentir como Luana Piovani sempre se sente mesmo tomando umas bordoadas do seu último noivo da última semana, isto é, a última coca-cola do deserto.

(Olha, não ficou muito bom, não. Ensinar gente sabida a se comportar perante os bilionários não é uma tarefa fácil. Isto só mostra que não somos ninguém sem os intelequituais. Precisamos deles, e como dizem os bilionários, nem que seja para oferecer aquele vinho raro que o cara nunca teria dinheiro para comprar. Vou tentando por aqui fazer algo melhor no próximo episódio. So sorry, periferia, digo, intelequituais.)

16 comentários:

Frodo Balseiro disse...

Discordo Marie!
Ficou muito bom sim...onde você vai buscar essas lembranças fantasticas "tipo assim", Jeane é um gênio, o Outro lado da meia noite, (você leu O Reverso da medalha?), coisas que ficam marcadas na memória?
Só receio dizer a você, que nunca conseguirá emprego na Ilustrada!
Lá só se fala javanês...
bjs
frodo

Marie Tourvel disse...

Gentileza sua, Frodo, querido.
Já disse por aqui que meu passado me condena, que sou da geração coke e TV. Lia os crássicos e ao mesmo tempo assistia ao Clube do Bolinha.
O Reverso da Medalha é aquele da milionária que só tinha desgraça na família, não é? Que saga! Dava até um belo resumo, né?
Na Ilustrada não daria, não. Os caras de lá, além de falarem javanês, são feios paca. :))))
Beijos!

R. B. Canônico disse...

Ah, Marie, eu dei risada com a sua trilogia cult: Lobato, 'Escaravelho...' e Sheldon, pois eu já passei por cada uma dessas fases hahahahaha!

É, eu demorei para me encontrar na vida... mas já vi a luz! hehehe

Beijos!

Marie Tourvel disse...

Ah, Rodolfo, a gente se encontra nas esquinas, nas quebradas... em qualquer lugar. E ler tudo isso aí é bom, não é?
Obrigada pelo carinho.
Um grande beijo!

Filipe de Santa Maria disse...

Marie, eu também discordo! Ainda mais que muita gente sabida não sabe se comportar quando precisa puxar o saco do empregador! Hehe. E mesmo desdenhando as suas dicas, ainda será grato quando lembrar delas na hora certa! E deste modo, cumpri-se seu objetivo: ajudar o próximo! Hehehe.
Um beijo!

Marie Tourvel disse...

Pois é, esta pocilga ainda vira um blogue de auto-ajuda. Bom, pelo menos se eu resolver escrever um livro sobre isso, quem sabe não viro o Lair Ribeiro do mundo blogueiro, né? Mas quero ganhar a grana que o cara ganhou, bem entendido. :))))

Beijos!

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

gosto desta série, Querida Marie! Este sarcasmo bem disposto ´´e muito inteligente.

beijo

Marie Tourvel disse...

Que bom que gosta, Júlia, querida. Mas eu acho que no "Trash" eu ainda não acertei a mão. Vamos ver... Meu próximo "classic" acho que será Hamlet. Vamos ver...

Beijos

ana v. disse...

Eu já não perco um post da série dos classics, Marie. Mas este também está muito bom... e vc vai afinando a ironia com os próximos!

Beijos

Marie Tourvel disse...

Certeira, Ana, querida. Faltou a velha e boa ironia. Vamos ver se no próximo eu a recupero. :)
Beijos!!!

Paulo Cunha Porto disse...

Claro que está excelente, Querida Marie; embora não tenha lido o livro - no que já sei não ser acreditado -, entre outras coisas, vacinou-me contra duas tentações, a de aceitar ser assessor de milionário e a de querer ser este último, além de me revelar ua expressão genial: "tirar uma chinfra".
Ainda bem que há Amigas que nos ensinam os factos da vida...
Beijinho

Marie Tourvel disse...

Paulo, querido, sua opinião é muito importante. Obrigada.
Vou confessar uma coisa pra você: eu não consegui ler até o final e assisti ao filme (Susan Sarandon como Cathie). Posso dizer que é hilário. :)))
Que bom que não quer ser nenhum dos dois. Basta ser Paulo, um amor de menino. ;)
Gostou da expressão "tirar uma chinfra"? É uma gíria daqui e quer dizer "tirar uma onda", "pagar de gatinho". Não entendeu nenhuma das expressões? Serve "levar na brincadeira"? É mais ou mais ou menos isso.
É como eu sempre digo, este espaço pode ser cultura, também. Ainda que cultura trash. :))))

Beijinho.

Unknown disse...

Marie,

Usted es muy amable con nosotros, mas muito rigorosa consigo mesma.

Ficou ótimo. Uma verdadeira aula de cultura geral.

Um abraço do

Nando

Marie Tourvel disse...

Você que é um amor, Nando, querido. :)
Bom vê-lo por aqui. Aceita um café? ;)

Beijos!

William Campos da Cruz disse...

Ótimo, Marie! Andei tomando notas! Só temo que, apesar do discurso, os elementos gestuais denunciem minha origem suburbana. Sabe como é, né? Sou daqueles que não conseguem segurar a taça pela haste ou beber uísque sem fazer careta...

Ainda assim aceitaria o desafio. Resta saber onde estão os tais bilionários, que não passam pelo meu caminho de jeito nenhum!

Abraços.
Saudades!

Marie Tourvel disse...

William, querido, nem se preocupe com isso. Já disse a você que segurar a taça pela haste ou dizer que tal uísque é bom, não passa de verniz bobo. Conheço vááááááários metidos a "intelequituais" orgulhosos do verniz. Por dentro são pessoas frívolas e infelizes. Necessitam do cinismo exacerbado para demonstrarem seu "intelequito". Cinismo é bom, William, mas como dizia Bertrand Russell, elevado, só demonstra comodismo e impotência.
Mas "tamos" aí para conhecer esses bilionários que no momento estão putos da vida por terem perdido alguns milhões na bolsa. Aguardemos quietinhos para colocar nosso verniz em prática. E tenha certeza que nosso verniz, meu e seu, é mais consistente. Afinal, conseguimos ao menos sentir, não é mesmo? :)

Um grande beijo e muita saudade.

PS: precisamos nos reunir para conversarmos mais. :)