11/01/2008

Ungaretti

Pois é... vocês terão que agüentar essa minha série de poemas recitados. Eu gostei da brincadeira. Um grande amigo que está muito longe diz que faço isso porque sou vaidosa. Ele disse: "Marie vaidosa". Repetiu isso diversas vezes. Eu falava em outro assunto e ele repetia: "Marie vaidosa". É meio difícil ficar vaidosa com voz de rinite e sotaque irritantemente paulistano (sempre tentando enganar com uma puxada de "s" ou "r"), mas foi uma forma que encontrei de expressar meu amor à poesia. (Certo, entendo. Não é a forma mais adequada para demonstrar este amor, mas é o que tenho à mão no momento)



San Martino Del Carso - Giuseppe Ungaretti

Di queste case
non è rimasto
che qualche
brandello di muro

Di tanti
che mi corrispondevano
non è rimasto
neppure tanto

Ma nel cuore
nessuna croce manca

È il mio cuore
il paese più straziato


Para contrabalançar, tasco um vídeo que gosto muito e esta música não deixa de ser uma poesia. E a voz dele pode aliviar um pouco o que ouviram lá em cima. :)

18 comentários:

Paulo Cunha Porto disse...

Vaidosos somos nós todos, por podermos contar com a companhia e a recitação da Marie.
Beijinho

Marie Tourvel disse...

E você sempre gentil, generoso e galante, Paulo, querido. ;)
Beijinhos

Anônimo disse...

Marie, aqui é outono, a tarde gris... veja no youtube a minha deusa andaluza, Martirio, cantando o tango em lamento flamenco. O guapo acompanhando ao violão é o filhote da cantante, ai meus sais...beijo, aliki

Anônimo disse...

Eu me referia ao tango "En una tarde gris"...aliki

Anônimo disse...

cruzes, to ruinzinha, não é bem uma tarde qualquer não, o titulo correto é " en esta tarde gris" mui precisamente. A Martirio chegou a gravar até uma cançao do Vinicius, o nosso, mas deixa esfriar meu neuronio unico, qdo eu lembrar do titulo escrevo. Espero que vc goste, bjs, aliki

Anônimo disse...

Oi Marie,


Triste mas bonito, não é? É por isso que amo poesia... ela consegue trazer beleza até para a tristeza. Assim como a música que eu amo também.
Continua... que os "r" e "s", a rinite, não conseguem abafar o que você quer passar... E pode ser vaidosa... decerto. Sabe por quê? Porque não é qualquer blog que me faz voltar, sempre. :P

Biquini Cavadão, Impossível, lembra? É uma música que volta e meia me pego cantarolando... Quantas palavras, gestos, intenções ficam para sempre enterrados dentro de nós por falta de coragem, tempo, oportunidade... Quanto por nascer e abortados...

"Tudo bem quando termina bem
E os seus olhos(e os seus olhos) não estão rasos d'água
Mas eu sei que no coração
Ficaram muitas palavras
Um vocabulário inteiro de ilusão...
...Como é difícil viver carregando um cemitério na cabeça...
... É impossível, é impossível esquecer você
É impossível esquecer o que vivi
É impossível esquecer o que senti..."

Beijos!
:)

Marie Tourvel disse...

Ei, Aliki, querida, vou agora mesmo procurar no YouTube o que me recomendou. É tão bom recebê-la por aqui. E não se preocupe que eu encontro, sim.
Beijos e volte mais, está bem?

Marie Tourvel disse...

Quer me fazer chorar, sabesselá? Realmente seu comentário me emocionou, ando sensível. Falou exatamente o que penso e sinto sobre poesia. E se soubesse... Queria dizer a alguém realmente sinto, mas me falta coragem...

"Tudo que morre fica vivo na lembrança
Como é difícil viver carregando um cemitério na cabeça
Mas antes que eu me esqueça,
Antes que tudo se acabe
Eu preciso, eu preciso dizer a verdade

Oh, oh, oh ...
É impossível, é impossível esquecer você
É impossível esquecer o que vivi
É impossível esquecer o que senti"

Beijos e muito, mas muito obrigada.
:)

R. B. Canônico disse...

Marie, realmente, eu também acho essa música muito bacana!

Ela sempre me causa uma boa sensação ao ouvi-la, algo do tipo "venha o que vier".

Deve ser a mesma sensação do que pular de pára-quedas... sem vento no rosto ;)

Ótimo domingo!

Marie Tourvel disse...

Isso mesmo, Rodolfo, querido, "venha o que vier"... Eu gosto muito do Verve.
Pra você também, um ótimo domingo. Amanhã pela manhã tem o Sunday Morning por aqui.
Beijos!

Anônimo disse...

Fazer você chorar... Eu? Nunca.
Mas adorei sentir a poesia como você, muito. :)

Beijo!

Marie Tourvel disse...

De emoção, sabesselá, de emoção pode chorar. :)

Beijo!

Alma disse...

Vaidade nada, os fãs é que pedem mais.
Aqui vai uma pequena sugestão, um link interessante de se visitar:

www.sagarana.it

Beijo

Marie Tourvel disse...

Sempre palavras lindas, né, Fernando? Adoro quando vem por aqui.
Estou com o linque aberto... ótima sugestão. Leitores, queridos vão prá lá que é do balacobaco. Obrigada, querido.

Beijos!!!

Anônimo disse...

É lindo o ensaio que a inspiração que uma paixão alheia é capaz de desencadear. Para os que vivem aquele intervalo que antecede uma nova borboleta no estômago, esse desfrute não tem paralelo. É um bater de asas por dentro, coisa que lagartas certamente intuem.

A realidade e a ficção têm briga antiga por esse poder de encantar e, mesmo rendendo todas as honras à letra posta, o arrepio ainda é melhor quando é a realidade que surpreende na cantilena antiga do fogo alto.

Um e uma com nomes e expressão dão o espírito que sempre faltará aos sem face e transpiração - de Adão e Eva a Bentinho e Capitu. Podem igualar-se na cozimento dos afetos, no ápice da fantasia/realidade, quando nem um nem outro sabem mais o que é história feita ou ainda por fazer.

No mais, não há imaginação poderosa suficiente para dar molde a uma noite vivida e outra inventada, ainda que a inventada tenha sido vivida. E depois, haverá a apreensão no olhar dela, a ruga insegura no canto da boca dele e, claro, um mistério com milhares de versões realizáveis pela frente.

“Não tô pronta pra dizer a ele”, ou “não sei se ela está falando sério”, soam como aquela urdidura típica que vai prolongar por mais algum tempo a aflição do prazer de imaginar, construir, desconstruir, reconstruir.

“Não me procure mais” ou “ele bem que podia me dar um sinal”, despertam o típico desejo de erguer espelhos ao lado de um e voltados para o outro, na intenção de revelar por reflexos o que ambos querem ver. Mesmo sabendo que eles continuariam não enxergando.

Para quem ouve ou vê, é como estar diante de cegos num labirinto de espelhos. Nele há muitas saídas, mas é irresistível querer que esse um e uma se tateiem a si e ao outro até que encontrem uma rota em comum. E esse caminho pode não dar em resposta, mas certamente jogaria a ambos em uma espiral de calafrios.

E isso já seria bastante, mas ainda há mais.

Marie Tourvel disse...

Nem eu escrevi tão bem sobre meu amor e sobre minha saudade. Receber um raio x de minha história e de uma pessoa tão especial como você tem um significado pra lá de prazeroso. Ler cada palavra que você escreve de forma leve e ao mesmo tempo tão realista, que corta na carne, mostra que você me entendeu tão bem e entende de forma tão simples uma história tão complexa. O labirinto de espelhos. Como nos projetamos um no outro, eu e meu amor. Nós enxergamos aquilo que queremos enxergar. Até então, eu enxergava só névoa, um mar branco como em Blindness. Me via como inferior. Não sou. Mas ainda não consigo me enxergar melhor. Mas tenho que aprender. Um bom começo é ter consciência disso. Quero demonstrar aqui toda minha gratidão por ter conhecido uma pessoa como você. Uns diriam que é acaso, coincidência -como eu costumo dizer sempre, outros dizem que é sincronicidade. Não importa. Encontrar você para receber este verdadeiro ensaio sobre meus sentimentos e ainda assim poder contar com uma amizade tão bonita, não tem preço. Adoro você.
Beijos!

Anônimo disse...

Marie,

Ler isso é sonhar acordado. Deu água na boca. Juro.


Beijo!
:)

Marie Tourvel disse...

Você quer dizer sonhar acordada, sabesselá?
Bom que tenha tido essa sensação. Eu ontem tive exatamente esta impressão... quando li este ensaio sobre meu sentimento achei que estava sonhando acordada.
Beijos e obrigada