Florbela Espanca. Poetisa portuguesa. Uma sonetista. Vida sofrida e sonetos dedicados ao amor. Ao amor extremado.
Escreve-me
Escreve-me! Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto d’açucenas!
Escreve-me!Há tanto,há tanto tempo
Que te não vejo, amor!Meu coração
Morreu já,e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase d’oração!
“Amo-te!”Cinco letras pequeninas,
Folhas leves e tenras de boninas,
Um poema d’amor e felicidade!
Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda então…brandas…serenas…
Cinco pétalas roxas de saudade…
Desejo
Quero-te ao pé de mim na hora de morrer.
Quero, ao partir, levar-te, todo suavidade,
Ó doce olhar de sonho, ó vida dum viver
Amortalhado sempre à luz duma saudade!
Quero-te junto a mim quando o meu rosto branco
Se ungir da palidez sinistra do não ser,
E quero ainda, amor, no meu supremo arranco
Sentir junto ao meu seio teu coração bater!
Que seja a tua mão tão branda como a neve
Que feche o meu olhar numa carícia leve
Em doce perpassar de pétala de lis…
Que seja a tua boca rubra como o sangue
Que feche a minha boca, a minha boca exangue!…
Ah, venha a morte já que eu morrerei feliz!…
Boa semana a todos.
4/27/2009
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4 comentários:
Shiii, Marie... chegou a hora de fazer uma confissão que me vai tornar, aos seus olhos, um herege. É que eu não sou fã de poesia. :O
(riso amarelo)
Não há o menor problema, Mike, querido. Já disse que por aqui se pode pensar diferente da dona do jogo. ;)
(Mas você não sabe o que está perdendo. :)))) )
Beijos!
Sei sim... ninguém perde o que nunca teve. (risos)
Mike, Mike...
:)
Mais beijos
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